.....Enfim, vi-me sem saída. Preciso continuar observando com curiosidade as pessoas. Aliás, observo tudo. O cenário, a situação, os coadjuvantes, até suas sombras. Assim como o excelentíssimo texto de José de Alencar nas primeiras páginas da obra O Sertanejo, assim sou eu observando o mundo. Como se fosse uma câmera, observo as estrelas, o universo, o planeta Terra, então, noto o contorno do continente sul americano, faço um “zoom” para observar melhor este nosso país chamado Brasil. Aproximo-me de São Paulo, e continuo, até alcançar o lugar onde estou. Pode ser aqui, sentada, na frente do computador. Ou na empresa onde trabalho. Ou em um parque, onde posso sempre manter as árvores ou o pôr-do-sol como cenário de fundo (e existe outro melhor para se enquadrar?). E finalmente, fixo-me na pessoa com quem estou conversando, ou que está no mesmo ambiente na qual me encontro, e percebo, quando olho bem no fundo dos olhos dela, que há um outro universo que eu desconheço. Um universo infinito e indecifrável. E me dou conta que em cada pessoa em que fixo o meu olhar há um universo escondido, disposto - ou não - a ser desvendado.
.....Encontro-me, então, irritada. Frustrada. Incapaz. Impossibilitada de mergulhar nos olhos destas pessoas e nadar por cada cantinho do seu interior. A alma humana (entende-se aqui, mente) é algo fascinante! Rica em detalhes. (Como me apego a detalhes! São eles que formam o conjunto final, como também, são eles belíssimos por si só!). Queria eu entender o porquê de certas atitudes, comportamento, reações diversas perante cada situação. Eu queria entender como uma pessoa consegue agir tão espontaneamente sem medo de errar ou de falar alguma bobagem, enquanto outras dissimulam, fingem algo que não são, enganam… E, mais do que isso, gostaria de entender porque determinadas, para não dizer muitas, pessoas desacreditam daquelas que sorriem livremente simplesmente liberando a sua essência, e apóiam aquelas que escondem a sua verdadeira personalidade e influenciam quase sempre por motivos interesseiros…
.....A minha ânsia para compreender isto se torna a minha tristeza. E a minha incapacidade, uma frustração. Talvez eu devesse, tomando como exemplo a síndrome de Pollyana*, mudar para o outro lado do muro. Sim, sou dessas, caro leitor, que sorrio e sou gentil sinceramente. Quando gosto de algo ou de alguém, demonstro. Quando não gosto, não destrato nem ignoro, mas também não me aproximo. Sou sincera. O meu andar, o meu agir, a minha forma de muito gesticular enquanto falo (como uma boa descendente de italianos!), as minhas escolhas lexicais, a minha maneira de vestir, tudo, exatamente tudo revela a minha essência. E das pessoas que pertencem ao outro lado do muro, eu nada sei, nada compreendo, exatamente porque elas são assim: usam inúmeras máscaras e como perfeitos atores de teatro, perambulam pelo mundo afora manipulando e de forma hipócrita, isso mesmo, de forma hipócrita sempre conseguem o que querem.
.....Talvez, para que eu não me sinta tão mal, ironicamente, eu devesse pular o muro. Pelo menos para teste. E conferir se, finalmente, serei ouvida. E sendo ouvida, que seja também compreendida, mesmo que o que eu esteja falando seja pura mentira e fingimento.
.....Essa angústia, leitores, essa angústia que sinto por não conseguir compreender as razões desse primeiro ato (primeiro para mim, pois, provavelmente muitos outros atos já haviam sido encenados antes das cortinas subirem), essa sim é algo que posso chamar de inefável. Um inefável ressentido…
.....Vou parar de escrever, pois a primavera já se foi (porque ela é obrigada a ser sempre “ida”!) e o outono chegou… Não gosto de escrever quando é outono. Gosto apenas de sentar à janela e observar as folhas secas das árvores caindo… Porque quando elas caem, somente quando caem, são merecedoras da minha desilusão.
3 comentários:
"Em Busca do Inefável". Isto é também uma grande aaventura, Senhorita. Já imaginou que está prestes a conhecer outros mundos, a respirar outros ares em outras tantas novas paisagens? Sim, porque buscar significa seguir uma direção (aliás, todas as direções) a fim de encontrar aquilo que se quer... Inefável. Busque-o mesmo, arrisque-se, perca o medo e aceite a charmosíssima timidez. Às vezes (e a gente nunca sabe quando), aquilo que procuramos está mais perto do que supomos. Basta apenas uma atitude pequena, simplória até: caminhar. Parabéns pelo blog, Srta. Inefável. Adorarei acompanhar a sua aventura fascinante e... inefável.
As pessoas....... Como você disse são muito estranhas, não sei se vivem nesse mundo, ou estão procurando o seu mundo para viver, esquecendo que vivemos neste mundo, e que precissamos atender as outras pessoas que vivem ao nosso redor!
Mas de uma coisa eu tenho certeza, eu curto o máximo possível, e retribuo, a aquelas que me fazem feliz e que me amam, e iguinoro as mas........
Conde Wladi !!! *****
São textos muito interessantes e assuntos que muita gente nunca deve ter parado pra pensar...
...acho que a palavra por que é muito pouco usada pelas pessoas!
As vezes nos conformamos com tudo sem termos a curiosidade de saber o por que acontecem e como!
E mesmo que sejam poucas as pessoas,elas tem curiosidade de conhecer o interior do ser humano(o nosso caso) que foi o que mais me chamou atenção no seu Blog,o interesse pelos pensamentos do próximo,e o mais interessante é que se o ser humano naum fosse tão misterioso
provavelmente naum teriamos um pingo de interesse pelo que se passa na mente dele,pois o mistério é o que nos fascina!
Parabéns pelo Blog e continue escrevendo que eu vou continuar viajando em seus pensamentos!
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