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.....O texto A TV que não ensina a morrer*, publicado na edição de agosto de 2007 da revista Caros Amigos, foi escrito por Marilene Felinto. Embora eu ria ao ver que ela insiste em afirmar que é escritora, ainda me consola ver que, no final da página, ela não assina como jornalista.
....O raciocínio dela começa com um misticismo absurdo. “Porque a droga da TV – do jornal e da revista – não aproveitou a desgraça com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas (…), a fatalidade, a impotência humana sobre o tempo e o mistério, para tratar a efemeridade da vida? (…) Porque (…) não aproveitou para lembrar ao espectador que amanhã morre-se? A hora era de filosofia, de meditação, não de politicagem oportunista, não de espetacularização da dor alheia (…)?”
.....Ora, convenhamos. Se por um lado há a exploração do fato, as inúmeras repetições das imagens do ocorrido e certo sensacionalismo, por outro, vejo neste texto um pedido de conformismo, passividade. E eu diria até, uma falta de respeito com os familiares das vítimas. Este acidente nada teve de natural, não estava escrito nas estrelas que aconteceria, os passageiros presentes naquele vôo não estavam predestinados a morrerem. O fato ocorreu por falta de responsabilidade das autoridades, por incompetência daqueles que deveriam estar gerenciando o aeroporto de forma adequada, por falta de supervisão dos responsáveis pela manutenção da pista.
.....Alguém precisa dizer a Marilene que é da natureza humana nascer, crescer, ao longo dos anos ver as células envelhecerem, a pele enrugar. O natural do ser humano é envelhecer e, aí sim, morrer. Toda morte ocorrida antes deste tempo é não-natural, é ocasionada por alguma intervenção humana. Como, obviamente, ocorreu no caso do acidente da TAM.
.....Também é um absurdo ela, sendo escritora e não jornalista, cobrar da mídia uma postura que apenas ela considera a adequada. Quem tem liberdade para escrever o que quer e como quer, são os escritores – como ela. O jornalismo segue regras, um parâmetro, não possue uma liberdade sem limites como os escritores. Como os principais veículos de comunicação, tendo essa responsabilidade, não iriam apontar os erros do governo, das autoridades, da pista sem groove ou da falha mecânica do avião?
.....Como pode ela afirmar que “bastava a TV ter lembrado aos telespectadores que é preciso lembrar-se que o amanhã não existe”? Alguém me explica como é que o amanhã não existe se já tivemos tantos amanhãs depois do acidente da TAM? Se ela quer filosofia, misticismo, debates sobre o tempo, cobre dos filósofos, de líderes espirituais… A mídia tem a obrigação, apenas, de relatar fatos, apontar os culpados e explicar as conseqüências.
.....Penso que Marilene Felinto deve sofrer de algum conflito interno. Na última parte do texto, que é dividido em três, ela afirma não se interessar mais em publicação de livros (se não, então porque continua a fazê-lo?), que escreve apenas para si mesma (se isto é verdade, por que não engaveta os seus textos ao invés de publicá-los na Caros Amigos? Nenhum escritor escreve apenas para si mesmo. Eu não escrevo apenas para mim mesma) e o que deseja é o esquecimento (mais uma vez, deixe de publicar, ou então, use um pseudônimo). Tudo contraditório ao que ela escreve na edição de janeiro da revista, em que afirma ser feliz por ter deixado o seu quintal sombrio em Pernambuco para ir para São Paulo fazer o que ela mais gosta e o que menos faz bem – escrever.
.....É lamentável ver um texto deste publicado em uma revista. É lamentável ver que foi aceito pela Caros Amigos. Mas vamos procurar um aspecto bom nesta história toda. Ao menos, temos uma referência de que tipo de escritor não devemos seguir exemplo. Definitivamente, Marilene Felinto não ensina a escrever.
*Para ler o texto de Marilene Felinto, clique na imagem acima.
Um comentário:
Marilene Felinto transformou o gravíssimo acidente da TAM, que vitimou 200 pessoas mortalmente e feriu outras tantas centenas de parentes e amigos de maneira indescritível, em introdução para uma reflexão tresloucada.
Segundo Felinto, diante daquele desastre, o certo seria a mídia fazer uma reflexão filosófica sobre a vida, que é efêmera."Amanhã morre-se", disse ela no artigo. Um claro discurso pró-conformismo, engajado no pensamento pequeno do "deixa por isso mesmo". É triste ler uma articulista com essa opinião tão insensível. Opinião louca de verdade.
E depois ela se auto-exalta falando de seus livros e de seus trabalhos em Literatura. E depois ela faz um desfecho sem nexo e parece defender o Governo Federal ignorando as corrupções sem fim, os gabides de emprego, a máquina cara e impotente.
Marilene é absurdamente partidária, tem cor e símbolo. Leva, como um estandarte, uma plaquinha ideológica nas entrelinhas e linhas do texto e, assim, defende uma política que tem sido denunciada por ser equivocada e causadora de crises.
Tal como os ministros trapalhões, que com tantos disparates em suas falas parecem mais sujar de lama que ajudar a dar brilho à imagem presindencial, Felinto, com o tal artigo, deixa ainda mais desconfortável a situação do Governo Federal, que ainda não resolveu totalmente a crise aérea.
O mais alto mandatário da nação, no ano passado, pediu dia e hora para ver teminada a crise dos ares. Pelo jeito, foi desobedecido. Coisa que aconetece com frequência com os péssimos líderes. Ninguém disse ainda quando o medo de voar por conta das falhas de operações vai acabar. E, na nossa vida efêmera, breve, que amanhã pode acabar... a gente espera, espera, espera...
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