3.9.07

Estive pensando...

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…Sobre a (não) importância dos coadjuvantes.

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.....Flagrei-me julgando personagens – ao meu ver - inúteis de algumas histórias em quadrinhos. Não li todas as aventuras de Batman, mas suponho que ele continuaria sendo um grande herói mesmo que não existisse o Robin. Com que finalidade Robin entrou em cena? Assistente de Batman? Batman já não dava conta de todos os seus inimigos antes da existência de Robin?
.....O mesmo digo sobre Peter Parker, o querido Homem-Aranha. Sinto pena da sua namoradinha Marie Jane. Tão inteligente, de uma beleza exótica e cabelos vermelhos, sonhava apenas em encontrar um grande amor que a fizesse feliz. Que influência ela causava no Homem-Aranha senão enfraquecer os seus poderes quando o relacionamento de ambos não ia bem? A jovem encontrou neste rapaz um “herói dos outros”, que sempre esquecia das datas importantes e de momentos que muito especiais eram para ela. Por que, Marie Jane, me diz o porquê de você não ter deixado para lá algo que tanto a magoava e não mergulhou de cabeça em sua carreira de atriz e deslanchou como uma estrela na Broadway? Escrevesse você, minha cara, sua própria história.
.....Penso também naquela jovem e bela moça – não recordo o seu nome – que quase pos a perder todo o plano do V. (de Vingança). Ao assistir a adaptação da história para o cinema, pulo no sofá de ansiedade, preocupação. V abriria mão de todo o seu propósito de vida por amor a uma bela que mal entendia os seus pensamentos?! Suspirei de alívio quando, no final do filme, tendo a responsabilidade em suas mãos, ela decide sim explodir o prédio do parlamento. Está bem, está bem… talvez não fosse tão tola.
.....Penso agora em Isolda. Personalidade forte. Geniosa. Vivia cercada por pessoas que insistiam em tomar decisões por ela. O que comer, o que vestir, como se comportar… Ao ver-se prometida ao um Rei que não amava, se entregou a loucura de viver um amor proibido com quem de fato estava apaixonada. Está certo que a situação fugiu um pouco de seu controle, mas, mesmo assim, era corajosa o suficiente para fugir e escrever a sua própria história entre as árvores da escura floresta onde se encontrava com o jovem Tristão. Intensa, não se contentava em ser apenas o que desejavam que fosse.
.....Observo belas, jovens, inteligentes e fortes mulheres que abrem mão de sua carreira, de sua família, de suas vontades para acompanhar os maridos em suas empreitadas profissionais. E por que não é permitido que o homem abra mão de tudo isso e vá viver em função de sua esposa? Escolha ele qual o sapato que ela irá usar na segunda-feira de manhã. Por que não ele abrir mão de certas atividades e acompanhar os filhos à escola, ou cozinhar o jantar? Nunca me esquecerei de um diálogo que tive certa vez com o meu professor de Sociologia, o grande Salomão. Ele disse que iria viajar para Portugal para participar de um curso e, é claro, aproveitar para conhecer alguns lugares da Europa. Sua esposa ficaria no Brasil cuidando de seus quatro filhos… Perguntei: - E porque não a leva com você? E se fosse a sua esposa a ir para a Europa? Você ficaria com os seus quatro filhos? Ele respondeu: - Se fosse o inverso, provavelmente, eles ficariam com a avó, e eu iria com a minha esposa. Lamentável.

Um comentário:

Silvia Helena & Fábio Pereira disse...

Gostaria de comentar alguns exemplos:

Marie Jane preferiu amar Peter Parker (O Peter, o cientista, o desastrado, o fotógrafo "sortudo" que sempre flagrava o Homem Aaranha em ação). Só que Peter Parker carregava, inevitavelmente, o problemático Homem Aranha no bolso, ou melhor, por debaixo da roupa. Marie Jane fez errado em, mesmo assim, querer o Peter Parker? Acho que ela viu que valia a pena. E, pelo que acompanhei das revistinhas de HQ´s, ela levava uma vida agitada como modelo. Marie Jane não abandonou a carreira e não abandonou o amor. O problema é que Parker estava sempre muito preocupado em salvar o mundo. Eu, no lugar dele, salvaria é o meu casamento. Mas heróis são heróis...

Falemos de Isolda. Era filha de rei, mas vivia oprimida e sofreu na pele e alma a opressão machista medieval. Por isso, era um objeto e não uma mulher. Quando encontrou Tristão, a esperança de uma vida com amor brilhou diante dos seus olhos, mas quis o destino da trama (ou a pena do autor) que ela ainda vivesse as desventuras de um casamento arranjado e, claro, infeliz. Mesmo assim, Isolda escolheu o amor de Tristão (as árvores debaixo das quais se encontravam não me deixam mentir) e, ainda assim, escolheu seguir um caminho seu, pois o caminho que ela julgava ser feliz era ao lado de Tristão. Este, quis ser fiel ao rei e, no fim, decidiu lutar até a morte em vez de fugir. Eu, no lugar dele, escolheria o amor. Mesmo que isso me custasse a honra de ter salvo um país. Mas heróis são heróis...

Sobre o homem moderno, que você cita:

Falta, hoje, o compartilhar. A vida a dois é uma só e não é aceitável que um dos conjuges ceda 100% em prol do outro. Ou se conquista junto ou não há conquista plena. O que eu quero mesmo é levar os filhos para passear, buscá-los na escola, preparar miojo ou pizza de microondas (minhas especialidades culinarísticas). E acho que é justo a esposa lutar pelo que quer, é justo que os pratos da pia não sejam só dela. Ela tem mesmo é que seguir o seu rumo profisional. Eu, no lugar do homem moderno de hoje, pediria para conquistar ao lado dela e, por favor, que ela deixasse, na viagem a trabalho dela, eu levar as crianças na também. A família é bom sempre juntinha. Heróis são heróis e eu não tenho nenhum heroísmo correndo em minhas veias...

Parabéns pelo texto!