29.10.07

Estive pensando...

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…Sobre o Silenzio
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.....O ser humano se tornou “surdo” para si mesmo. Com a correria da Era moderna, já não há tempo de silenciar e ouvir o coração. Vivemos em apartamentos, lugares apertados, casa cheia, com o barulho do trânsito na janela. Trabalhamos em grandes empresas, nas quais a trilha sonora dos dias é o som do digitar no teclado dos computadores.
.....São tantos os motivos que tornaram as pessoas modernas apáticas, que eu poderia ficar até amanhã elaborando uma lista… Mas o que nos basta saber é que há essa apatia. Há muito tempo que não se sente um amor genuíno, há muito não se sente a brisa de encontro ao rosto, há muito não há a sensibilidade para contemplar uma pela vista, o pôr-do-sol, o riso de uma criança…
.....As pessoas têm buscado as respostas para seus questionamentos do “lado de fora”. Não se “ouvem”. Empurram o mal-estar para bem no fundo de suas almas, imaginando que não dando atenção a elas é que se resolve o incômodo. Errado.
.....É preciso um momento de silêncio. É preciso uma pausa. É preciso o mínimo de meditação, reflexão. É preciso pensar, pensar e pensar, para que se possa formar uma opinião. É preciso, não só formar uma opinião, como também discernir o que se sente a respeito dela.
.....É preciso sentir. Há um equívoco no achar que princípios de vida, escolha de crenças e tomada de decisões são baseadas na racionalidade, apenas na intelectualidade. O ser humano é essencialmente sensitivo e emocional.
.....É preciso se dar um tempo para pensar e sentir. Abrir e fechar ciclos. É impossível seguir em frente, dar um passo para a próxima fase de forma saudável, sem antes ter resolvido e fechado o ciclo anterior.
.....É… eu sei… não é fácil. É difícil voltar à essência. É difícil tanto quanto manter todo aspecto que transgride o que é ensinado nessa Era em que vivemos.

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Pensamentos Soltos...

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"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada".
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(ClariceLispector)
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"O deserto é belo porque em algum lugar ele esconde uma fonte".

(Pequeno Príncipe, citado por Rubem Alves em sua coluna Conversando com o Sábio na revista Bons Fluídos, edição de Novembro/2007)
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Perspectiva

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Parque do Ibirapuera, 27.10.2007

O Seu Olhar - Ceumar

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O seu olhar lá fora,

O seu olhar no céu,

O seu olhar demora,

O seu olhar no meu,

O seu olhar, seu olhar melhora

Melhora o meu.

Onde a brasa mora e devora o breu

Como a chuva molha o que se escondeu.

O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu.

O seu olhar agora, o seu olhar nasceu, o seu olhar me olha, o seu olhar é seu.

O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu...

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Uma reflexão para...

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…conhecer um pouco sobre a Gloss
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.....Certo dia, meu namorado comentou sobre uma estagiária que trabalha na mesma emissora de TV que ele. Ela folheava a revista Gloss e ele quis saber qual era a opinião dela a respeito deste lançamento da Editora Abril. Muitos foram os seus comentários e críticas. Pensei que a troca de e-mails com o meu namorado sobre este assunto renderia uma análise sobre este veículo.
.....A jovem disse que um ponto negativo da revista seriam as muitas propagandas e anúncios. Penso que para os leitores, isso acaba criando uma falsa impressão de que há mais “comercial” do que matéria, conteúdo… Mas observando pelo outro lado, a equipe comercial da Gloss realizou uma façanha! É raro ver tantos anunciantes apostando assim, de cara, em uma revista que ainda estava para ser lançada, não é mesmo?
.....Ela frisou, ainda, que a revista aborda futilidades, como moda e beleza. Como bem colocado pelo meu namorado, esses temas não são futilidades, apenas não são de primeira necessidade. Penso que o erro está no extremo, no excesso. Excesso de preocupação com a aparência, compulsão por comprar e usar toda e qualquer peça que a “fulaninha” da passarela está usando (muitas vezes, quando nem se tem condições financeiras para tanto!). Não acho legal quando a pessoa deixa de se preocupar com outras áreas da vida para se dedicar apenas a essa.
.....Tem de haver um equilíbrio, uma harmonia. É preciso se atentar a todas as questões da vida, inclusive a aparência. Já não falo sobre “moda”, pois ninguém é obrigado a seguí-la, mesmo porque o que é “bonito” é muito relativo… E esse belo tão relativo é agradável aos olhos, como é agradável um quadro de Monet ou um pôr-do-sol caprichado… Mas esse exagero que vemos por aí é desnecessário…
.....O que há de ser analisado é que a revista foi criada para um público feminino de 18 a 28 anos, e que as jovens de hoje em dia (não todas, mas a maioria) se atentam mais a esses assuntos mesmo… Na minha muitíssima humilde opinião, a revista é uma representação dessa geração. E ainda está errado resumi-la apenas a isto. Ela também publicou matérias sobre carreira, dinheiro, música, atividades culturais… Tem uma reportagem, até, que ensina como multiplicar ou triplicar o seu dinheiro investindo na bolsa de valores, com apenas 100 reais por mês! Interessante, não?
.....Para fechar, a jovem estagiária comentou que a única coisa que ela gostou na revista foram as fotos do ator Gael. Convenhamos, ele é um rapaz feio (e claro que o conceito de “feio” também é muito relativo) e mulherengo! Além de não ser um ator que impressione. É bom ator, claro, mas não merece tanta atenção quanto muitos outros por aí. Gael está em destaque, porque o filme na qual ele protagoniza (O Passado), está sendo muito bem divulgado e, um pouco, elogiado.
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(Observação do meu namorado: a moça não larga a revista pra nada, vai comprar novamente o mês que vem. No fundo, vai se tornar leitora mesmo…).

23.10.07

Estive Pensando...

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Sonhar é diferente de idealizar

Sonhar ≠ Idealizar ≠ Planejar


.....Fico impressionada - e triste - quando noto como algumas pessoas ainda não se deram conta da diferença entre sonhar, idealizar e planejar. Sonhar é algo necessário. É se enxergar em uma verdade inventada. É mentalizar. Dar espaço a todos aqueles desejos e vontades. Imaginar-se já participante de momentos esperados, é imaginar-se já no cargo ambicionado, é ver-se mais magro, mais belo, melhor vestido. É desejar estar em uma situação diferente, em um patamar mais elevado. Enfim, sonhar é toda aquela representação mental de nossas vontades e desejos.
.....Quando se sonha, tudo acontece conforme nossa vontade, sem imperfeições, sem empecilhos. Nos sentimos nas nuvens, porque nossos desejos estão “acontecendo” independente se do “lado de fora”, o mundo está sob uma chuva de meteoros. Porém, há a consciência de que essa plenitude toda só existe dentro de nós, dentro da nossa mente. Há a ciência de que na “verdade verdadeira”, algumas coisas seriam diferentes, pois nem tudo está no controle de nossas mãos.
.....Idealizar é um pouquinho diferente. Idealizar é julgar a nossa interpretação da realidade como verdade absoluta. É desejar que nossas vontades se realizem conforme cada detalhe pensado. Pior, é enxergar o mundo “cor-de-rosa”, é julgar uma pessoa como imaginamos que ela seja – e não pelo o que ela de fato é – e esperar que ela se comporte conforme ansiamos. Idealizar é pintar quadros na nossa mente imaginando que o mundo se transforme conforme uma pincelada ou outra. Pior nº 02, é pintar quadros nas mentes das outras pessoas. O idealizador não tem aquela consciência de que as outras pessoas não estão no controle de suas mãos. Diferente de quem planeja…
.....A pessoa que planeja é aquela que tem bem claro na mente o que quer para a sua vida, tem convicção dos seus princípios, tem maturidade de espírito. Ela sonha, pois este é o início de tudo, mas não idealiza. Ela traça um plano, desenha em sua mente um “mapa” na qual acredita ser o caminho correto para “chegar lá”, em seu objetivo. O planejador é aquele que não espera que tudo “aconteça”, mas age insistentemente para que tudo saia conforme o que tem por ideal. E, o mais importante, sabe que no meio dessa estrada encontrará muitos espinhos, pedras, enganos, que vão obrigá-lo a mudar uma coisa ou outra em seus planos, mas que, nem por isso deixará de caminhar.
.....Não sei se consegui ser clara ao expor esse meu pensamento… E nem você, leitor, precisa concordar. Afinal, foi só uma opinião, apenas mais uma tentativa de colocar em palavras aqueles sentimentos que não possuem nome próprio.

Perspectiva

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Circo Spacial - 20.10.2007

Pensamentos Soltos...

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“Feliz é o que sabe o que procura, pois
quem não sabe o que procura,
não vê o que encontra” .


(Charles Chaplin)


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“A escritora Maria Clara Machado falava que o fracasso dá caráter. Concordo. A frustração é infinitamente pior que o fracasso".

(Malu Mader em entrevista à edição nº 01 da Revista Gloss).

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8.10.07

Escrito em outra estação

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Um recado aos leitores:
Para os que me fazem companhia na constante busca do inefável, apresento a coluna “Escrito em outra estação”. São textos que outrora foram guardados no fundo de uma gaveta, mas que foram resgatados por ilustrarem alguma fase da minha vida. O texto de estréia não poderia ser outro. Já não representa o meu momento presente, pelo contrário – está bem distante, mas foi um dos meus raros momentos de “quase” contato com o inefável.


É o que não é - e ponto final.


.....É inefável, de fato. Sem explicação. Não é amor, como também não é descaso. É respeito, é afeto, como também desentendimentos e discussões. É uma vontade de ficar ouvindo sem parar, mesmo que esteja sendo proferidas palavras tão tolas! É uma discórdia irritante. É uma vontade de fazer logo as pazes porque não se consegue ficar longe.
.....É um vício em muitos dos sentidos que esta palavra nos faz pensar… É uma inclinação para o mal. Um contato transformado em hábito por acontecer quase todos os dias. É um ódio que se inflama e que rapidamente se dissipa.
.....É um olhar, uma vontade de estar junto mesmo sabendo que não se pode estar. E por que não se pode estar junto? Não há motivos, oras, apenas não se pode estar junto… É escondido. É secreto. Não é escondido. Não é secreto. Simplesmente, não o é.
.....É apenas diferente. Não, não… é igual a todos. É um Vinicius de Moraes contra um Mário Quintana. É um texto complexo, denso, contraditório. É um discurso vazio, seco e frio… e que me preenche. É o que me faltava, mas que dispenso… É do avesso, é estranho. Não faz sentido, mas está certo. É mundano sem ser imundo.
.....Há uma agudeza de espírito. Uma sutileza de raciocínio e de argumentação. É algo que me impede de fazer, mas não me impede de pensar… Afinal, por que eu insisto tanto em tentar descrever algo indescritível, indizível? Por que insisto tanto se a minha intenção era “definir” e só o que consegui fazer com o meu texto acima foi limitar a extensão dessa existência?
.....Chega, cansei, desisti.

.....Como é aquele conselho de Clarice Lispector mesmo? Ah, sim: “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”

.....Eu percebi – e senti – um pedacinho do inefável. Mas (meu Deus!), por que não consigo fechar o livro e ir viver?!

Perspectiva

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Parque da Água Branca, Barra Funda, SP.

BLOG GRITA SÃO PAULO

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“Porque há o direito ao grito, então eu grito”.
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(Clarice Lispector)

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Uma singela homenagem ao Blog Grita São Paulo, criado pelo jovem jornalista Daniel Lucas. Uma luta pela igualdade e inclusão social.

Acessem, vale a pena conferir!

http://www.bloggritasaopaulo.blogspot.com/


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* Modelo Erikinha Franco

Somos uma invenção de nós mesmos*

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Por Ferreira Gullar**

Certo dia, me dei conta de que as pessoas se inventam, de que o ser humano é uma invenção de si mesmo. Veja se não é: a gente, quando nasce, é ninguém, não tem noção de nada, nem do mundo nem de si mesmo. Com o tempo vai aprendendo e então se pergunta: quem sou eu? E, para responder, começa a definir sua identidade. Aí começa a invenção. Claro, a sociedade já existia quando você nasceu, com os valores que a constituem e os quais você adquire pela educação. São valores que as pessoas, que vieram antes de você, inventaram. O conjunto desses valores se chama cultura, desde a noção de justiça, de certo e errado, até como se prepara uma salada. Tudo isso é cultura e foi inventado, como foram inventados a cidade e quase todas as coisas que estão nela: as casas, os automóveis, o telefone, o computador, a energia elétrica, etc., etc. Quem vive na natureza é macaco e onça; nós, seres humanos, vivemos em um mundo cultural, inventado por nós. E dentro desse mundo, as pessoas também se inventam: umas se inventam educadoras, outras artistas, outras esportistas, outras operárias outras vigaristas. Não estou dizendo que qualquer pessoa pode ser qualquer coisa, desde que decida ser. Nada disso. Para ser esportista, por exemplo, a pessoa deve possuir determinadas qualidades sem as quais não terá êxito. Logo, cada um se inventa mas mediante suas qualidades e necessidades, e é preciso que as outras pessoas o reconheçam como tal. Não adianta eu dizer que sou Napoleão, se ninguém acredita. Este é um dado importante: precisamos que o outro reconheça em nós a pessoa que inventamos ser. Por isso, nossa invenção tem de ser plausível, verdadeira. Não nos inventamos apenas para nós mesmos mas também para o outro que, ao nos reconhecer, dá sentido à nossa invenção.

*Texto publicado na primeira edição da Revista GLOSS, mais novo lançamento da Editora Abril, segmentada para garotas de 18 a 28 anos.

**Ferreira Gullar é escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, memorialista e ensaísta brasileiro.

Pensamentos Soltos...

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"As pessoas fazem a história, mas raramente se dão conta do que estão fazendo."


(Christopher Lee)

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"Não podemos aguardar que os tempos se modifiquem e nós nos modifiquemos junto por uma revolução que chegue e nos leve em sua marcha. Nós somos o futuro, nós somos a revolução."


(Beatrice Bruteau)

10.9.07

Estive pensando...

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…sobre a estação do Outono*
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.....A Primavera é linda, graciosa, rica em virtudes que desabrocham ao passar do tempo. É viva e efêmera, sim. Leio textos e poesias que descrevem a sua formosura e encantos. Poetas e românticos que se dedicam em alcançar o néctar de suas flores.
.....Confesso, porém, que pouco encontro sobre o outono. Esforço-me – sem êxito - para lembrar o nome de uma poesia e de um poeta que li, quando mais jovem, em um livro esquecido entre outros na biblioteca da escola. Ele falava sobre o verão e o inverno, sobre o dia de sol e o dia de chuva. “Não têm ambos a sua beleza?”, argumentava o autor. Belíssima poesia que transcende o pensamento comum.
.....Foi para mim uma das melhores das lições. Por que somente o dia de sol é bonito se em um dia nublado podemos contemplar o cinza do céu escuro? Sentir bater em nosso rosto uma brisa gélida que contrasta com o calor do nosso corpo. Ver os galhos das árvores dançarem com a força do vento. Aprendi com esse poeta a notar toda e qualquer beleza que há em todas as situações, em todos os lugares, em qualquer tempo e espaço.
.....Sinto falta do outono, porque pouco encontro sobre ele para ler. E a leitura é uma das minhas mais vivazes paixões. Observo no outono também a sua beleza. A primeira característica são as folhas secas, alaranjadas, diferentes de todas as folhas que compõem as outras estações do ano (gosto de tudo o que é diferente, gosto de tudo o que transgride a apatia humana). E elas, as folhas, caem uma a uma, ou em conjunto, soltam-se das árvores, dançam ao ritmo do vento e caem, suavemente, sobre o chão.
.....O “tom” do dia também é diferente. É resplandecente, como em um dia de verão, mas existe uma diferença que não consigo exprimir em palavras. E o cheiro… sim, um dia de outono também tem o seu cheiro. (Não quer você, caro leitor, que eu tente descrever um cheiro, quer? É impossível, é inefável). Cheiro único de outono, que quando inspiro, me faz sentir um “não sei o quê” de plenitude.
.....Todas as estações (outono, inverno, verão, primavera) são belas, mas, atrevo-me em afirmar que o outono é de todas elas a mais inefável. Não é apenas uma estação, é também um caminho a se seguir, um pendor irresistível. De tão deslumbrada que me percebi, optei por seguir este caminho. E não o faço por acreditar que encontrarei o inefável ao final desta estrada, mas porque sinto a certeza de que o inefável estará presente em cada passo que eu der.
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*Para ler ouvindo River, de Enya.

Perspectiva

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Hidraúlica de Piracicaba - 07.06.2007

Pensamentos Soltos...

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“Gosto de tudo o que é diferente,
gosto de tudo o que transgride a apatia humana”.
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(Srta. Inefável)

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“Quanto mais palavras eu conheço,
mais sou capaz de pensar o meu sentimento”.
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(Clarice Lispector)

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Nice Naive And Beautiful - (Plumb)

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She’s only known heartache and pain
But she’s never known pain like this
She stands alone defending her name
When all that she’s done is be who she is
Well is it so wrong to be who we are
When all she’s done is fail

Cause she’s so nice, naïve and beautiful
Why does she get taken advantage
Why does she live in a world so cold
She takes advantage of the nice, naïve and the beautiful

Cold is the throne of her hardened heart
No one has seen the softest part
Day after night she holds an ache
And won't budge to show this secret place
Well is it so wrong to hang on to hurt

Maybe she could set it free

Cause she’s so nice, naïve and beautiful
Why did she get taken for granted
Why did she live in a world so cold
He took advantage of the nice, naïve and the beautiful

If you’ve been there you know
If you’re still there hang on
We’re all dealt our lumps of coal
What you do with it can turn beautiful
Well there’s a life outside of this madness
And there’s a face behind every scar
But there’s a love overflowing with gladness
Get out of that place that’s restraining your love
I said get out of that place
that’s restraining your love


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*Ouça a música aqui...

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5.9.07

Pensamentos Soltos...

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"O que sou toda a gente é capaz de ver;
Mas o que ninguém é capaz de imaginar é até onde sou e como".

(Miguel Torga)
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3.9.07

Estive pensando...

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…Sobre a (não) importância dos coadjuvantes.

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.....Flagrei-me julgando personagens – ao meu ver - inúteis de algumas histórias em quadrinhos. Não li todas as aventuras de Batman, mas suponho que ele continuaria sendo um grande herói mesmo que não existisse o Robin. Com que finalidade Robin entrou em cena? Assistente de Batman? Batman já não dava conta de todos os seus inimigos antes da existência de Robin?
.....O mesmo digo sobre Peter Parker, o querido Homem-Aranha. Sinto pena da sua namoradinha Marie Jane. Tão inteligente, de uma beleza exótica e cabelos vermelhos, sonhava apenas em encontrar um grande amor que a fizesse feliz. Que influência ela causava no Homem-Aranha senão enfraquecer os seus poderes quando o relacionamento de ambos não ia bem? A jovem encontrou neste rapaz um “herói dos outros”, que sempre esquecia das datas importantes e de momentos que muito especiais eram para ela. Por que, Marie Jane, me diz o porquê de você não ter deixado para lá algo que tanto a magoava e não mergulhou de cabeça em sua carreira de atriz e deslanchou como uma estrela na Broadway? Escrevesse você, minha cara, sua própria história.
.....Penso também naquela jovem e bela moça – não recordo o seu nome – que quase pos a perder todo o plano do V. (de Vingança). Ao assistir a adaptação da história para o cinema, pulo no sofá de ansiedade, preocupação. V abriria mão de todo o seu propósito de vida por amor a uma bela que mal entendia os seus pensamentos?! Suspirei de alívio quando, no final do filme, tendo a responsabilidade em suas mãos, ela decide sim explodir o prédio do parlamento. Está bem, está bem… talvez não fosse tão tola.
.....Penso agora em Isolda. Personalidade forte. Geniosa. Vivia cercada por pessoas que insistiam em tomar decisões por ela. O que comer, o que vestir, como se comportar… Ao ver-se prometida ao um Rei que não amava, se entregou a loucura de viver um amor proibido com quem de fato estava apaixonada. Está certo que a situação fugiu um pouco de seu controle, mas, mesmo assim, era corajosa o suficiente para fugir e escrever a sua própria história entre as árvores da escura floresta onde se encontrava com o jovem Tristão. Intensa, não se contentava em ser apenas o que desejavam que fosse.
.....Observo belas, jovens, inteligentes e fortes mulheres que abrem mão de sua carreira, de sua família, de suas vontades para acompanhar os maridos em suas empreitadas profissionais. E por que não é permitido que o homem abra mão de tudo isso e vá viver em função de sua esposa? Escolha ele qual o sapato que ela irá usar na segunda-feira de manhã. Por que não ele abrir mão de certas atividades e acompanhar os filhos à escola, ou cozinhar o jantar? Nunca me esquecerei de um diálogo que tive certa vez com o meu professor de Sociologia, o grande Salomão. Ele disse que iria viajar para Portugal para participar de um curso e, é claro, aproveitar para conhecer alguns lugares da Europa. Sua esposa ficaria no Brasil cuidando de seus quatro filhos… Perguntei: - E porque não a leva com você? E se fosse a sua esposa a ir para a Europa? Você ficaria com os seus quatro filhos? Ele respondeu: - Se fosse o inverso, provavelmente, eles ficariam com a avó, e eu iria com a minha esposa. Lamentável.

Inania Verba

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Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava…

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve…
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!


(Inania verba – Olavo Bilac)

Pensamentos Soltos…

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“Sou forte, sou fraco. E por isso sou interessante”.

(Ramprashab, poeta e filósofo hindu).

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“Para se estar junto, não é preciso estar perto. Mas do lado de dentro”.

(Leonardo da Vinci, pintor italiano).

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“Errar é humano. Culpar outra pessoa é política”.

(Woody Allen)

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“Entre o riso e a lágrima há apenas o nariz”.

(Millôr Fernandes)

30.8.07

Perspectiva

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Ex-cada
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Veja mais fotos criativas em http://mundut.blogspot.com/ , blog do meu querido amigo Utsumi. Vale a pena conferir.

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(Um recado ao Utsumi: "saudades do Bóóóóóris!")

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17.8.07

O que é bonito... (Lenine)

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O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...

Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito

Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito

Que a gente vai, a gente vai
E fica a hora
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra

Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça

O que é bonito...

Perspectiva

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Ibiúna, rancho do tio Dam.

Pensamentos Soltos...

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“Um mapa não é o território: é somente uma representação.
Sua realidade não é real: é somente uma interpretação”.


No momento em que você modifica a percepção da realidade, acaba modificando a própria realidade. Essa é a beleza de tudo isso: parece fantasia, mas é real.

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Na montanha da transcendência, quase nada pode ser ensinado, ainda que tudo possa ser aprendido.
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Estive pensando...

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...Pode ser simples como respirar



.....Há muito tem-se tentado encontrar o significado da vida. Ouvimos inúmeras histórias sobre a criação da espécie humana, mas nenhuma que nos traga certeza. Mesmo depois de tempos de existência e reflexões, ainda não desvendamos este mistério que é o ar que respiramos. O ar que respiramos… O ar que respiramos? Não estará a vida resumida nesta brisa essencial à nossa sobrevivência? Somos capazes de sobreviver vários dias sem nos alimentarmos, alguns sem consumirmos água, mas resistimos apenas alguns minutos se prendemos a respiração.
.....“Provocando contrações no útero, em qualquer idade gestacional, o medicamento não atua sobre o próprio feto, apenas provoca a sua expulsão”. Assim é descrito o efeito do Citotec, um dos medicamentos mais utilizados para fins de aborto. Desenvolvido, inicialmente, para tratar úlceras, essa droga, que pode ser encontrada por trezentos reais até mesmo em sites na Internet, provoca contrações de parto para que o feto seja expelido. Sendo assim, o feto não morre por ter sido agredido, mas porque, se ele tem menos de seis meses e ainda não tendo condições de inalar o ar, ao ser expulso, morre por asfixia. Exatamente como ocorreria com uma pessoa que fosse estrangulada.
.....A palavra aborto tem origem do latim ab – ortus, que significa “privação do nascimento”. Essas discussões que temos assistido em nossos tempos através dos meios de comunicação, nos fazem refletir se temos ou não o direito de privar alguém do nascimento.
.....A partir de qual momento o feto passa a ser conceituado como uma vida? E esse conceito, é estipulado por quem? Por nós? Por Deus? Pela ciência? Pesquisas comprovaram que, já com sete semanas de formação, é possível o feto sentir dor. Nos casos de falha do aborto químico (provocado por medicamento) é necessária a aspiração do útero para completar a interrupção da gravidez, isso quando não é inserido um aparelho cirúrgico na vagina para cortar o feto em pedaços e retirá-los um a um de dentro do útero. Assim, simplesmente, como se fosse um boneco de plástico.
.....Se nas primeiras semanas o coração do feto já está formado e, após o sétimo mês, ele já é capaz de sentir dor, como seremos capazes de acreditar que ele só será humano a partir do momento que tiver consciência de si mesmo? É um erro primário acreditar que a vida se inicia apenas após o parto. Ainda na barriga, a criança já ouve, já “percebe” a mãe. Já sente dor.
.....Quem lembra que a Bíblia ensina que não temos o direito de tirar a vida de um próximo? Essa é a Lei de Deus. Ou até analisando as leis dos homens, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, vemos que todo indivíduo tem direito à vida e à liberdade. Há quem diga: “Ok, o feto tem direito à vida, mas e a liberdade de escolher se se quer ter um filho ou não?”. É claro que essa liberdade existe, e ela deve acontecer na prevenção. Com tantos métodos contraceptivos que podemos encontrar hoje em dia na farmácia mais próxima de casa, não há desculpas (a não ser em casos extremos, como estupro, por exemplo).
.....Segundo o Código Penal Brasileiro, o aborto é crime contra a vida, salvo em dois casos: quando não há outro meio para salvar a vida da mãe e quando a gravidez resulta de estupro. Em 1992, foi ratificada a Convenção Americana de Direitos Humanos, dispondo em seu artigo 4º que o direito à vida deve ser protegido desde a concepção.
.....Espero, sinceramente, que essas leis continuem inalteradas e que, um dia, a humanidade possa ter evoluído a ponto de compreender que a vida não é tão complexa e que não exige muito além desse simples ar que respiramos, e que não querer dividi-lo é pura crueldade, egoísmo e covardia.
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*Auguste Rodin, escultor de Eve, pretendia originalmente uma versão maior para colocar ao lado de sua obra A Porta do Inferno, juntamente com uma escultura de Adão, simbolizando a causa dos sofrimentos da humanidade. A modelo que se usou para a escultura de Eva, uma graciosa e atlética italiana, adicionou naturalidade à obra, grávida, exigia de Rodin, semana a semana, uma constante mudança no formato do seu corpo.

9.8.07

Homem-Aranha (Jorge Vercilo)

27.7.07

Pensamentos Soltos...

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"Muitas vezes em minha vida eu opto por uma amizade eterna do que por algo que corre o risco de ser efêmero e acabe com a chance de uma amizade duradoura."
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25.7.07

Estive pensando…

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Sobre o planeta GL581c

Será ele remédio cósmico?



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.....Há alguns meses, vimos em grande parte dos meios de comunicação – inclusive na capa da revista Veja – a descoberta do planeta GL581c. Com características semelhantes às do nosso planeta, porém, com um raio maior e uma massa cinco vezes maior, foi apelidado de “Super-Terra”.
.....Como uma boa ariana e curiosa que sou, depois de ler a intrigante matéria da revista Veja do princípio ao fim, permiti-me alguns minutos para tomar um café filosófico na companhia dos meus grandes amigos Tico e Teco. “Inacreditável!”, foi o pensamento resultante do meu primeiro gole. “Descoberto um planeta aparentemente habitável, e mais, fora do nosso sistema solar”.
.....Fiquei me perguntando já há quanto tempo não estaria a Super-Terra ali, escondidinha, resolvendo aparecer somente agora, quando de fato quis se revelar. Ou ela já havia surgido quando nós, seres humanos, decidimos desvendar esse mistério que é o universo e só faltou um olhar mais atento ou uma lente mais grossa para notá-la? Ou será que ela só chegou ao nosso conhecimento, meros mortais e não astrônomos da França, Portugal e Suíça que vivem com a cabeça – quase literalmente – na Lua, por causa do aquecimento global? Sim, o aquecimento global também é uma possibilidade uma vez que se tornou o vilão do momento e é culpado pelo derretimento da casinha dos pingüins, o desaparecimento das abelhas nos Estados Unidos e parte da Europa, e tem servido de desculpa até pelos altos índices de abortos e assaltos no Brasil, e que nos faz sair à caça de uma nova moradia.
.....A questão é que desde o início de sua existência, o homem olha com fascinação e curiosidade para o céu. Mesmo a 194 trilhões de km do nosso planeta, a Super-Terra cria em nós o desejo de descobrir se sua superfície é rochosa, como a da Terra, ou coberta por oceanos, possibilitando ou não a permanência de vida humana. Mesmo que, para isso, fosse necessário, através do foguete mais veloz já projetado até hoje, 400 mil anos para chegar lá!
.....Ainda não satisfeito, o astrônomo e um dos descobridores do GL581c, Michel Mayor, em entrevista ao site G1, diz que “acharemos gêmeo <idêntico> da Terra”. Meu Tico questionou: “para quê desbravar novos mundos se nem sequer desbravamos este ainda?” Teco concordou: “O que faremos se este gêmeo de fato existir? Seguiremos a sugestão de alguns que andam dizendo por aí para construirmos uma ‘nave de Noé’ e migrarmos – quase – todos para a nova Jerusalém?”.
.....O café, na grande xícara americana, já havia esfriado quando cheguei à conclusão que a humanidade não pode agir como um casal que faz viagens cada vez mais longínquas em busca de solucionar o problema conjugal, sem notar que o problema vai junto. Está na hora de acordar. Antes da GL581c, outros 200 planetas fora do sistema solar já haviam sido descobertos. E a vida continua.
.....Enquanto alguns pensam que a solução para todos os nossos males encontra-se entre as estrelas, prefiro ater-me a simples imagem romântica que a Lua Cheia representa aos jovens apaixonados e sonhadores, e continuar com os olhos atentos por onde piso, pois, é aqui que tenho de ser responsável e buscar reverter os problemas causados, não pela própria Terra ou pela natureza, mas por nós, seres dominantes. Afinal, há ou não solução para este mundo e esta vida?

Cena Intrigante

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.....Durante um passeio, em um domingo de sol, pelas belezas do Parque da Água Branca, na Barra-Funda, minhas irmãs e eu notamos uma imagem intrigante.

.....Observe, leitor, com calma e detalhadamente a seguinte foto:


.....Agora, tente encontrar um corpo – isso mesmo, um corpo – pendurado no tronco desta árvore. Para ajudar, uma aproximação:


.....Acho que de mais pertinho fica mais fácil de enxergar. Observem atentamente.




.....Notaram? Intrigante, não?!

.....Para quem ainda não conseguiu encontrar o corpo no tronco desta árvore, observem a foto seguinte:



.....Essa é uma daquelas cenas que simplesmente não conseguimos explicar.

Liberdade

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O que é ser livre?
Houaiss: “É ser senhor de si e de suas ações, dotado de poder de escolha”.

Ser livre é poder escolher entre ler um livro ou assistir à televisão.
É poder escolher qual livro vou ler.
É poder escolher assistir algum programa de televisão, de qualidade, instrutivo. E quando eu de fato estou com vontade de assistir à televisão.
É poder escolher qual estação de rádio deixarei programada no meu celular.
É poder escolher ouvir Djavan, Chico Buarque, Tom Jobim, Tim Maia e Cazuza, mesmo que esses não toquem tanto nas rádios quanto artistas mais populares.
É poder, também, ouvir a artistas populares, porque esses sons também são divertidos.
É poder escolher ouvir Nelly Furtado, Christina Aguilera, U2 e Beatles.
É poder refletir nas palavras de Jesus Cristo e do Rei Salomão, sem deixar de ouvir as palavras de Buda e de Bono Vox.
É poder escolher correr em dia de chuva ao invés de se encolher debaixo de um toldo de algum supermercado…
É poder escolher beijar debaixo d’água ao invés de beijar do jeito convencional.
É poder escolher votar naquele candidato na qual realmente acreditamos ser o melhor, e não naquele que fez a melhor propaganda durante as eleições…
É poder escolher entre um nome ou outro para dar ao seu filho.
É poder escolher com quem se confessar, porque os seus segredos e suas questões pessoais não são para qualquer um.
É poder sentir-se confortável na empresa na qual trabalha. É identificar-se com a filosofia e estar satisfeito em estar cumprindo tais missões.
É poder escolher entre o silêncio e escrever ouvindo música…
É poder gargalhar espontaneamente.
É poder agir de maneira boba na frente daquele garoto especial.
É poder escolher rir com o atraso do trem…
É poder escolher entre usar tênis ou salto alto.
É poder escolher entre chorar ou sorrir.
Ser livre é simples, é isso
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17.7.07

Estive pensando...

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Sobre o uso da alma pelo lado de fora

.....Gosto dos textos do Antonio Prata. Acho-o excelente escritor. Competente, divertido. Quando adolescente, era fã da revista Capricho. Acompanhava todas as edições. Atualmente, já sem idade para isso, não resisto a pegar a mais recente edição e correr para a última página. Quando tenho tempo, folheio a revista toda, todavia, o meu maior interesse é pela última página. É lá que eu encontro a coluna do filho de Mário Prata. Sempre abordando temas corriqueiros e engraçados, desta vez ele falava sobre muitas leitoras que enviaram-no e-mails perguntando qual seria a melhor forma de trabalharem como jornalistas e/ou escritoras. Nesta coluna, ele dizia para não se prenderem à faculdade de jornalismo, que este curso é só o começo, que oferece algumas ferramentas, mas que não ensina um jornalista à “enxergar o mundo”. Esse texto foi a confirmação de que havia alguma “coisinha” errada no meu planejamento de carreira. Isso me preocupou e o texto de “Prata Jr.” ocupou a minha mente durante dias, contudo, ao fechar a revista, encontrei algo intrigante que roubou minha atenção.
.....Uma propaganda de uma marca de tênis. O nome não vem ao caso. A frase que servia como legenda para os dois pares de pés calçados que apareciam na foto era: “Use a alma pelo lado de fora”. Assim mesmo, com a palavra “alma” em destaque. Parei e fiquei observando aquela contra-capa por alguns instantes. Mergulhei em reflexões filosóficas. Qual o significado de alma para Deus quando Ele a criou? Qual o significado de alma para os filósofos na época de Sócrates? Qual era o significado de alma para os reis e as princesas? Qual era o significado de alma para Shakespeare? E para Freud? E qual o significado de alma para os atuais pastores evangélicos?
.....Dei-me conta que para os jovens – e os não tão jovens – de hoje em dia, alma significa ter o tênis da moda, uma blusa de grife, uma calça de preço estrondoso… Será somente isso? A essência de vida resumiu-se ao um objeto de borracha e tecido? E se todas as pessoas obtiverem este tênis e eu não? Serei um ser sem alma? Calçar este emblema grudado nos meus pés faz de mim uma pessoa melhor? Receberei uma premiação por isso? Ou o tênis é um prêmio por si só?
.....É definitivamente triste ver a que ponto os seres humanos chegaram hoje. Viver em um mundo, na qual se mede o valor de uma pessoa pelo o que ela veste, não está nada fácil. Há pouco tempo que comecei a prestar atenção na moda. Confesso que por influência de minha irmã que sempre gostou de se vestir bem e me incentivou a calçar mais sapatos e usar acessórios. Entretanto, continuo prestando muito mais atenção no que as pessoas dizem. É em uma conversa (por favor, leitores, de mais de quinze minutos!) que se conhece um pouquinho do que a pessoa é de fato. Se alma não for um espírito residindo dentro de um pedaço de carne, ela é a mente de uma pessoa.
.....Entristece-me ver tantas relações superficiais, o egocentrismo, individualismo, egoísmo e culto ao corpo. Uma marca é somente uma marca, um nome como qualquer outro. Às vezes apenas mais bonito ou mais feio. Desvencilhem-se, leitores, do que a mídia e a sociedade intitulam como “bom” ou “ruim”. Se um colega de trabalho possui um carro do ano, não saia correndo louco para se endividar para ter um igual se, até o momento, você estava satisfeito com o seu. Não se preocupe se as pessoas ao seu redor vivem competindo umas com as outras. Não entre neste jogo. Tente você ser cooperativo. Um cooperador com coisas sadias, relacionamentos fortes e estáveis. Isso sim chama a atenção. Estar em destaque se fundamenta justamente nisso, fazer a diferença. Viver na contra-mão do mundo.





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O Beijo

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.....Aquele beijo foi um roubo. Uma traição. Uma tristeza.
.....Sentia como se aqueles lábios me pertencessem assim como me pertence essa dependência do ar para continuar vivendo. Doeu. Doeu demais. Uma dor inexplicável. Indescritível. Nunca encontrarei a cura para tal, apenas me acostumarei com ela.
.....Todavia, tudo na vida é aprendizado. E tudo isso me serviu para compreender que grande parte do controle das nossas vidas não se encontra em nossas mãos. Algumas coisas são imprevisíveis, inevitáveis. E devemos rir da cara do destino.
.....Até então, eu não pretendia conhecer um beijo sem sentimento, sem carinho, sem emoção, sem expectativas. Agora, já não me importo mais, afinal, às vezes, ou na maioria das vezes, um beijo pode ser apenas um beijo. E nada a mais. É possível que, um beijo que é apenas um beijo, torne-se sentimento, carinho, emoção, expectativas.
.....Eu perdôo. Sem demagogia. Perdôo. Estou livre. Livre de um beijo fingido. Livre de um peso que é a mágoa.
.....Um beijo é apenas um beijo. Obviamente, concordo que com amor ele é muito mais intenso e gostoso, porém… contudo… no entanto… todavia… quem tem a ousadia de afirmar como de fato é o amor? Existe uma maneira de ensinar como identificá-lo?
.....Considero o ser humano privilegiado. O seu amor pode ser tanto real, verdadeiro, como simplesmente fruto da nossa imaginação. E como afirmou Clarice Lispector, em uma realidade inventada tudo acontece exatamente como queremos. Sem tirar nem pôr.
.....Está lendo tudo isso como se fosse meros devaneios? Está errado. É (somente) um momento nostálgico. Um dentre muitos.

Vôo de Balão

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.....Fazer um passeio de balão me ensinou algo quase inefável.
.....Da possibilidade de observar através de vários ângulos uma mesma situação, ou um mesmo objeto, todos têm conhecimento. Porém, são poucos os que entendem – e sentem – a importância disto.

.....Cada prisma nos proporciona a dádiva de uma sensação diferente.

A sensação de estar apenas observando…



A sensação de notar-se tão perto…



A sensação de fazer parte do cenário…



A sensação de estar além do que se havia imaginado…



A sensação de ver que está chegando ao fim…






(Piracicaba - 07/06/2007)

12.7.07

Estive pensando...

...sobre as pessoas



.....Estive observando, analisando, refletindo e me surpreendendo com as pessoas. O comportamento humano sempre foi algo que muito me chamou a atenção. Mesmo assim, ainda prefiro prestar mais atenção nos livros, nas artes, na música… Mas tudo isso não existiria sem as benditas pessoas. O que é um livro senão obra escrita por uma pessoa? O que são os personagens senão pessoas (fictícias ou reais)? O que é uma pintura senão a representação da visão ou do sentimento de um artista? A obra A Porta do Inferno, de Rodin, seria a porta do inferno sem Rodin? Ou, algo mais belo, a escultura O Beijo seria “o beijo” sem a imaginação e o brilhante talento deste artista? Dificilmente… Ainda pior! Não existiria a Primavera! Já pensou um mundo sem primavera? !
.....Enfim, vi-me sem saída. Preciso continuar observando com curiosidade as pessoas. Aliás, observo tudo. O cenário, a situação, os coadjuvantes, até suas sombras. Assim como o excelentíssimo texto de José de Alencar nas primeiras páginas da obra O Sertanejo, assim sou eu observando o mundo. Como se fosse uma câmera, observo as estrelas, o universo, o planeta Terra, então, noto o contorno do continente sul americano, faço um “zoom” para observar melhor este nosso país chamado Brasil. Aproximo-me de São Paulo, e continuo, até alcançar o lugar onde estou. Pode ser aqui, sentada, na frente do computador. Ou na empresa onde trabalho. Ou em um parque, onde posso sempre manter as árvores ou o pôr-do-sol como cenário de fundo (e existe outro melhor para se enquadrar?). E finalmente, fixo-me na pessoa com quem estou conversando, ou que está no mesmo ambiente na qual me encontro, e percebo, quando olho bem no fundo dos olhos dela, que há um outro universo que eu desconheço. Um universo infinito e indecifrável. E me dou conta que em cada pessoa em que fixo o meu olhar há um universo escondido, disposto - ou não - a ser desvendado.
.....Encontro-me, então, irritada. Frustrada. Incapaz. Impossibilitada de mergulhar nos olhos destas pessoas e nadar por cada cantinho do seu interior. A alma humana (entende-se aqui, mente) é algo fascinante! Rica em detalhes. (Como me apego a detalhes! São eles que formam o conjunto final, como também, são eles belíssimos por si só!). Queria eu entender o porquê de certas atitudes, comportamento, reações diversas perante cada situação. Eu queria entender como uma pessoa consegue agir tão espontaneamente sem medo de errar ou de falar alguma bobagem, enquanto outras dissimulam, fingem algo que não são, enganam… E, mais do que isso, gostaria de entender porque determinadas, para não dizer muitas, pessoas desacreditam daquelas que sorriem livremente simplesmente liberando a sua essência, e apóiam aquelas que escondem a sua verdadeira personalidade e influenciam quase sempre por motivos interesseiros…
.....A minha ânsia para compreender isto se torna a minha tristeza. E a minha incapacidade, uma frustração. Talvez eu devesse, tomando como exemplo a síndrome de Pollyana*, mudar para o outro lado do muro. Sim, sou dessas, caro leitor, que sorrio e sou gentil sinceramente. Quando gosto de algo ou de alguém, demonstro. Quando não gosto, não destrato nem ignoro, mas também não me aproximo. Sou sincera. O meu andar, o meu agir, a minha forma de muito gesticular enquanto falo (como uma boa descendente de italianos!), as minhas escolhas lexicais, a minha maneira de vestir, tudo, exatamente tudo revela a minha essência. E das pessoas que pertencem ao outro lado do muro, eu nada sei, nada compreendo, exatamente porque elas são assim: usam inúmeras máscaras e como perfeitos atores de teatro, perambulam pelo mundo afora manipulando e de forma hipócrita, isso mesmo, de forma hipócrita sempre conseguem o que querem.
.....Talvez, para que eu não me sinta tão mal, ironicamente, eu devesse pular o muro. Pelo menos para teste. E conferir se, finalmente, serei ouvida. E sendo ouvida, que seja também compreendida, mesmo que o que eu esteja falando seja pura mentira e fingimento.
.....Essa angústia, leitores, essa angústia que sinto por não conseguir compreender as razões desse primeiro ato (primeiro para mim, pois, provavelmente muitos outros atos já haviam sido encenados antes das cortinas subirem), essa sim é algo que posso chamar de inefável. Um inefável ressentido…


.....Vou parar de escrever, pois a primavera já se foi (porque ela é obrigada a ser sempre “ida”!) e o outono chegou… Não gosto de escrever quando é outono. Gosto apenas de sentar à janela e observar as folhas secas das árvores caindo… Porque quando elas caem, somente quando caem, são merecedoras da minha desilusão.

Tudo lhe era possível

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(...).
- E de repente, ela descobriu que era possível.
- O que era possível?
- Tudo lhe era possível.
- A vida lhe era possível?
- Tudo lhe era possível. A vida, a morte, os sonhos, o amor…
- O amor também lhe era possível?
- Sim, e porque não?
- E as cicatrizes da vida que a tornaram cética?
- Apagaram-se com o soprar do vento.
- E os assuntos mal-resolvidos do passado?
- O soprar do vento também virou essa página. O que não tem solução, solucionado está.
- Mas… e o medo?
- Ela supera. Quando se quer muito alguma coisa, vale a pena correr o risco.
- E a timidez, ela se livrou?
- Não, a aceitou. Talvez a timidez seja o seu mistério, o seu charme…
- E o que ela fez com o ceticismo, jogou no lixo?
- Ela prefere acreditar em algo e estar errada a não acreditar em coisa alguma.
- E o que fez com que ela acreditasse que tudo lhe era possível?
- O seu coração foi preenchido por palavras de sabedoria.
- E quais palavras foram essas?
- As palavras de sabedoria.
- Sabedoria de quem? De Deus? De Jesus Cristo? De Buda? De Bono Vox?
- As palavras do vento que soprou.
- E o que foi que o vento falou?
- Que tudo lhe era possível.


Em busca do Inefável

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O que significa “inefável”? O que é o inefável?
Segundo o dicionário Houaiss, “algo que não se pode nomear ou descrever em razão de sua natureza, força, beleza; algo indizível, indescritível, ou algo que causa imenso prazer, que seja inebriante, delicioso, encantador(…)”.

Pergunto-me novamente, o que é inefável? O que pode ser inefável em tempos modernos, nos quais, tantas coisas já se foram escritas, traduzidas, adaptadas para o cinema, entrado como pauta em debates filosóficos…? O que pode ser inefável quando tudo parece já ter sido vivido, sentido, apreciado?

Mais uma vez, o que é inefável?
Estou em busca de algo, uma palavra, um acontecimento, uma pessoa, uma experiência, que sejam inefáveis.

Serei eu inefável?
Como saberei se pouco conheço sobre esta palavra? E pouco conheço sobre mim.
Penso que não sou inefável… Mas tenho certeza que a minha alma o é.

O que é inefável? Seria algo ligado ao sentido de plenitude, completude? O que está me faltando? O que me falta para descobrir o que é inefável?

Ou seria o sentir? O sentir que é o inefável?
A definição de sentir no dicionário é tão abrangente que eu não saberia discernir… Será que sentir é como quando suspiramos o toque da mão da pessoa que amamos? Não é como um toque qualquer, de amigo, de irmão… É diferente. Ou será que sentir é apenas uma forma de perceber, apreciar as coisas?

Será o amor inefável? Aliás, o que é o amor? E como sabemos quando de fato é amor?

Será o inefável uma pessoa? Alguém o (a) conhece? Como seria o senhor inefável? Imagino que não teria rosto… mas que sua presença me faria sentir algo… não sei… inefável?

Continuo com a minha indagação. Quero descobrir, e mais, sentir o que é inefável!

Estou à busca de algo, objeto, palavra, acontecimento, pessoa, lugar, experiência, sentimento, que seja inefável.

Se alguém souber e/ou conhecer, por favor, compartilhe?

Apresentação

Em busca do Inefável



Textos, relatos, crônicas, cartas, poemas, desabafos, representações, imagens, diálogos e reflexões sobre tudo quanto possa existir originário da essência da vida. Franca expressão e manifestação de sentimentos e pensamentos íntimos. Uma tentativa de decifrar aquilo que há de mais belo na existência humana, o inefável. Ele nada mais é que incompreensível, indescritível, indizível.






“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada”. (Clarice Lispector)










Blog atualizado semanalmente.
Autoria de Srta. Inefável*


































*Fábia Zuanetti é jornalista, escritora e apresentadora de TV. Atualmente, trabalha na Editora Abril. Escreveu para a seção Vitrine Viva do Jornal Correio Paulistano e foi editora-chefe do informativo Palavras de Plenitude. Foi selecionada para a 27ª edição do Curso Abril de Jornalismo.
É criadora do blog Em busca do Inefável.